Se você fosse dono de uma grande fábrica de tinturas para
cabelos, quem você escolheria para estrelar os comercias do seu produto? Aquela
sua vizinha gostosona que todo ano leva a faixa de Garota mais bonita do bairro
ou uma cantora/apresentadora super famosa que já vendeu milhões de discos e que
tem milhões de fãs espalhados pelo Brasil inteiro?
Se ponha agora no lugar do diretor de uma rica emissora de
televisão e me responda: quem você contrataria para alavancar a audiência de um
dos seus principais programas dominicais? O Seu Zé do Queijo, aquele simpático
senhor que passa todo dia pela sua rua em direção ao Mercado Municipal ou
jogador de futebol, eleito três vezes o melhor do planeta, o maior artilheiro
em Mundiais de Futebol e que atrai olhares e comentários não só do Brasil como
também do mundo?
Fiz tais indagações porque não aguento mais essa lenga lenga
sem fim no facebook de gente que acha que o fim do mundo está próximo (como se
não bastassse os Maias) só porque emissoras de tevê gastam rios de dinheiro com
programas como o Big Brother Brasil, por exemplo, ao invés de matar a fome das
crianças africanas, nordestinas e haitianas.
Meus caros, sinto muito em lhes informar, mas emissoras de
televisão não são entidades filantrópicas, são empresas (oooooooooooohhh!!).
Sendo assim, tanto a Globo, a Ford ou padaria do seu Manoel,
como toda empresa em qualquer parte do mundo, visam somente uma coisa: LUCRO.
Quando a Koleston paga um milhão a Xuxa para que ela pinte o
seu cabelo de azul, não está simplesmente dando dinheiro à pessoa física Maria
das Graças Meneghel, tipo: “toma, querida, vai lá e pinta seu cabelo que vai
ficar bonitinho”. Não é tão simples como parece.
Esta empresa está, sim, associando seu produto, seja xampu,
condicionador ou dentadura (já imaginaram a Xuxa daqui a quarenta anos?), à uma
imagem que, sendo de quem é, com certeza, vai atrair mais a atenção do
consumidor do que a Rainha da Laje do teu bairro, por exemplo. Trata-se de um
investimento que, com certeza, tem retorno.
E se a Globo paga milhões ao Ronaldo afim de que ela perca
peso em um programa de rede nacional é porque ela sabe que, na hora de ficar
zapeando com o controle remoto na mão, o seu cliente final (ou seja, o
telespectador), certamente vai parar pra ver que o que Fofômeno anda fazendo
para emagrecer.
Já o tão apedrejado Big Brother Brasil, coitadinho, é
patrocinado por empresas como o Guaraná Antártica, Red Bull, Fiat e outra mais,
com cotas que totalizam algo em torno de 100 milhões (assim fica mole pagar 1
milhão ao vencedor, né?).
E porque essas empresas investem tanto nesse patrocínio?
Primeiro porque podem. Segundo porque (queiramos nós ou não) trata-se de um
programa visto nacionalmente e que, durante três longos meses, vai entrar nas
nossas casas diariamente e os anúncios dos produtos estarão lá, entre edredons,
barracos, baladas, músculos e bundas à mostra, pra todo mundo ver. Todo mundo
mesmo, afinal são milhões de fieis telespectadores.
Ou seja, outro grande investimento em publicidade com retorno
garantido.
Tanto a Xuxa quanto o Ronaldo ou baixarias do BBB, cada qual
ao seu modo, geram audiência, prendem a sua atenção.
E isso é tudo que um produto precisa para ser bem sucedido no
mercado: atenção, interesse e, obviamente, consumo.
Esse é o milionário mercado publicitário. Ou então marketing,
business, enfim, esse monte de nome fresco que no fundo quer dizer uma
só coisa: negócios.
Agora, se você quer continuar insistindo com o Seu Zé do
Queijo ou então com a Garota
da Laje do seu bairro, o problema
é todo seu, vá em frente e boa sorte.